Publicado em: 18/05/2021
O
governo da Argentina decidiu suspender as exportações de carne por 30
dias. A notícia, que surpreendeu o setor produtivo, foi justificada por
uma nota do Ministério de Produção e Desenvolvimento Produtivo “como
consequência do aumento persistente da carne bovina no
mercado interno”.
A mesa de Enlace, que reúne como quatro entidades
ruralistas mais importantes da Argentina, se encontra reunida para estudar
medidas e não descarta uma greve de produtores, como afirmou o presidente da
Confederações Rurais Argentinas (CRA), Jorge Chemes.
“Estamos a caminho de uma paralisação
da comercialização de produtos agrícolas”, disse Chemes em sua conta do Twitter.
O
governo informou que o Consórcio de Exportadores de Carnes Argentinas (ABC) foi
notificado sobre a suspensão dos embarques. Na nota oficial do ministério,
o argumento é que a decisão é parte de medidas para “ordenar o funcionamento do
setor, restringir práticas específicas, melhorar a rastreabilidade das
exportações e evitar a sonegação fiscal no comércio exterior”.
“Enquanto
terminam de implementar tais medidas, as exportações de carne bovina estão
limitadas durante um período de 30 dias”, completou uma nota. Fonte do
governo disse que pode haver exceções e que o prazo poderia ser reduzido se o
pacote de medidas a ser apresentado obtiver resultados positivos.
O presidente do ABC, Mario Ravettino, esteve na Casa
Rosada na tarde de segunda-feira (17/5) para discutir o assunto com o
governo. Enquanto isso, as entidades agropecuárias criticam a medida e
fazem um paralelo com igual tomada em 2006, quando o então presidente, Néstor
Kirchner, alegou agir em “defesa da mesa do argentino”.
Naquela
ocasião, uma suspensão estava prevista para durar 180 dias, mas permaneceu por
10 anos, nos dois mandatos de Cristina Kirchner, que sucedeu o marido no final
de 2007.
Como
resultado da intervenção no setor, os pecuaristas escolhidos de engordar o gado
e enviar para abate bezerras, que pode se tornar reprodutoras. O rebanho
sofreu uma perda de 12 milhões de cabeças.
Na
indústria frigorífica, dezenas de empresas foram fechadas, assim como cerca de
15 mil postos de trabalho. Há cerca de dois meses, o presidente Alberto
Fernández deu início a uma série de críticas aos produtores rurais pelos
aumentos nos preços dos alimentos, especialmente da carne e do pão.
Há um
mês, o governo exige novas exigências para os operadores de comércio exterior
de carne, grãos, oleaginosas e lácteos, o que acendeu como luzes de alarme dos
produtores.
Criadores argentinos
paralisam venda de boi para abate em protesto contra suspensão de exportações
Após
mais de uma hora de reunião virtual na manhã desta terça-feira (18/5), os
presidentes das quatro principais entidades do agronegócio argentino (Sociedade
Rural, Confederações Rurais, Federação Agrária e Confederación Intercooperativa
Agropecuaria Limitada), que compõem a denominada Mesa de Enlace decidiram
suspender a comercialização de gado, a partir das 12h da quinta-feira (20/5),
até às 12h da sexta-feira (28/5).
A medida é para demonstrar a rejeição
à decisão do governo de suspender as exportações de carne bovina por 30 dias. O anúncio será feito às 12h30, durante
entrevista coletiva liderada por representantes de produtores rurais.
O presidente da Câmara de Indústria e
Comércio de Carnes (CICCRA), que representa os frigoríficos, também propôs uma
greve pecuária. O titular da entidade, Miguel Schiariti garantiu que em virtude
da resolução adoptada, espera “que os criadores não enviem os seus bois para os
mercados”.
Fonte: Compre Rural
https://www.comprerural.com/exportacoes-de-carne-estao-suspensas-por-30-dias/