Publicado em: 30/05/2021
A China, incluindo Hong Kong, comprou 56,5% da
carne bovina brasileira no acumulado de 2020 até maio, de acordo com a
Secretaria de Comércio Exterior (Secex). E o país asiático não se destaca apenas em volume: chega a pagar até o dobro do que é oferecido pela
proteína destinada ao mercado interno, considerando os preços no atacado,
segundo a Agrifatto Consultoria. Veja como produzir o Boi China!
Tendo isso em vista, frigoríficos pagam bônus
de R$ 5 a R$ 15 por arroba para animais que atendam as exigências do mercado
chinês. Diante disso, é importante entender o que é o padrão China exigido para
bovinos.
Padrão do boi China
Segundo a Agrifatto, os bois devem ser nascidos e
criados em território brasileiro, ter no máximo quatro dentes incisivos
permanentes, ter menos de 30 meses de idade no momento do abate, com Guia de
Trânsito Animal (GTA) especificando a idade compatível, sem indícios de febre
aftosa reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e com garantia de
rastreabilidade.
Cuidados
na propriedade
Em relação às propriedades, não pode haver casos
de bovine spongiform encephalopathy (BSE) — popularmente
conhecida como doença da vaca louca —, estomatite vesicular, antraz, diarreia
viral e outras doenças nos últimos seis meses, além de não terem estado sob
restrições veterinárias de quarentena nos últimos 12 meses.
Alimentação
Com exceção de leite e outros produtos lácteos,
gelatina e colágeno preparados do couro ou pele de outro animal, os bois não
podem receber substâncias que tenham origem de um ruminante (mamíferos que
mastigam novamente o alimento que retorna do estômago), como bovinos, ovinos ou
caprinos.
Também é necessário que os bois nunca tenham
consumido remédios veterinários e suplementos alimentares proibidos na China ou
no Brasil. A Administração Geral de Supervisão de Qualidade, Inspeção e
Quarentena chinesa oferece uma lista de tais produtos e o Ministério da
Agricultura no Brasil atua junto ao produtor na comunicação das atualizações.
Abate
Os animais não podem apresentar sintoma ou lesão
compatível com tuberculose ou brucelose, em inspeções que ocorrem antes e
depois do processo de abate. Qualquer problema nesse sentido pode impedir o
envio de toda proteína produzida na propriedade.
Por fim, o pecuarista precisa concordar com o plano
de controle de resíduos e contaminantes do governo brasileiro, que testa
amostras de animais encaminhados para abate em estabelecimentos sob inspeção
federal. A medida visa promover segurança química dos alimentos de origem
animal produzidos no país.
Tendência
para os próximos meses
O analista da Safras & Mercado Fernando
Iglesias afirma que o preço pago pela China, de cerca de US$ 5 dólares por
quilo — outros compradores pagam aproximadamente US$ 4 por quilo, vem de uma
demanda muito acima da média do mercado chinês nos últimos meses.
Iglesias projeta que a tendência é de que isso se
mantenha nos meses à frente, pois ainda que o país asiático consiga recompor
seu rebanho, prejudicado pela peste suína africana, demoraria de dois a três
anos para atingir os níveis anteriores. Ou seja, pelo menos até 2022, a tendência
é de manutenção da demanda chinesa em relação às carnes brasileiras, tanto
bovina quanto de frango e suína.
Quanto
da produção brasileira atende a exigência chinesa no Boi China
De acordo com o analista da Agrifatto Consultoria
Yago Travagini, esse número é difícil de estimar, pois a exigência chinesa é de
um animal com quatro dentes, isto é, entre 30 a 36 meses de idade. Como o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informa apenas o abate
de animais com menos de 24 meses, o número exato não é sabido.
Travagini estima que em Mato Grosso, maior estado
produtor do país, cerca de 50% dos bovinos abatidos têm menos de 36 meses.
Dessa forma, é possível dizer, de maneira não oficial, que quase metade do
abate no país pode atender a demanda chinesa.
Tempo
de investimento
Travagini diz que caso o pecuarista tenha
capacidade de confinar, ele pode comprar um boi magro de 24 meses e entregar um
boi gordo com 27 a 28 meses, atendendo a demanda em pouco mais de quatro meses
de investimento. No entanto, se considerar um produtor que necessite fazer o
ciclo completo, com intensificação e ração, pode colher resultados em 12 meses.
Situação
em Mato Grosso, maior produtor de carne bovina do país
O superintendente do Instituto Mato-grossense de
Estatística Agropecuária (Imea), Daniel Latorraca, diz que o prêmio no estado
está em torno de R$ 10 por arroba. O produtor que tem a disponibilidade de
animais com menos de 30 meses leva o animal a plantas habilitadas para
exportação e recebe o valor extra.
Latorraca analisa que essa diferença para o boi
comum tem estimulado o confinamento e o semiconfinamento para produção deste
animal de maneira específica.
Análise
de mercado
O diretor de relacionamento com pecuaristas da JBS,
Fábio Dias, acredita que além do mercado chinês, o Brasil deve olhar para o
mercado de exportação como um todo, já que 80% dos embarques da carne
brasileira vão para países que exigem animais mais jovens. Então, talvez seja
interessante para o produtor pensar na redução do ciclo e produção de animais
mais jovens e com boa carcaça, permitindo a ele manter todos os canais abertos.
Fonte: Compre Rural
https://www.comprerural.com/boi-china-tudo-o-que-voce-precisa-saber-sobre-o-padrao/